ESG sem dúvida foi e tem sido um tipping point - um ponto de inflexão na estrutura das relações humanas e relações corporativas. Este conceito do Tipping Point foi uma importante abordagem feita pelo escritor Malcom Gladwell, em seu livro The Tipping Point: How Little Things Can Make a Big Difference.
No biênio 2020-2021, em conjunto com a eclosão e quase total resolução da COVID-19, ESG tornou-se onipresente no mundo corporativo. Isto foi possível pois as empresas perceberam que o aumento das receitas com o menor risco possível não era compatível com as práticas de sustentabilidade e de cooperação social. Além disso, os conselhos das empresas passaram a reconhecer que os três pilares do ESG - ambiente , sociedade e governança não poderiam ser mero exibicionismo ou modismo; ao contrário, estes conselhos deveriam ditar o ritmo desta mudança de cultura organizacional.
As empresas que encararem ESG como uma potencial ferramenta de alavancagem de seu fluxo financeiro tal como um forma de atrair mais investimentos, estarão à frente de seus concorrentes e poderão ocupar nichos de mercado ainda pouco explorados. Esta concepção foi proposta por Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU, em 2004, a qual foi apresentada em um relatório de autoria de Ivo Knoepfel, denominado Who Cares Wins, ou seja, quem se importa vence.
Cada vez mais o capitalismo consciente, fundamentado nestas temáticas de sustentabilidade, questões sociais e governança, tem permeado a mente dos stakeholders. Basicamente, pode-se dizer que ESG tem mudado os valores , crenças e comportamentos dos líderes. Para ser ter ideia da influência do ESG na tomada de decisão dos stakeholders, dados da Global Sustainable Investment Alliance mostram que o ESG responde pela movimentação de 31 trilhões de dólares no mundo, cerca de 36% de todos os ativos mundiais.
Ao longo das décadas, os stakeholders têm percebido que uma das melhores formas de se aplicar ESG na rotina da empresa seria aproximando ESG e inovação. Mas como isto seria na prática? Alguns possíveis caminhos seriam a criação de novos modelos de negócios, novas relações com os stakeholders e também um olhar mais atencioso para as questões relativas a diversidade. A ONU propõe um desenvolvimento sustentável, no qual o capitalismo consciente impactaria pessoas, mentes e pensamentos.
Esta impactação no comportamento coletivo seria, na verdade, uma revolução de impacto, um movimento absolutamente pacífico, disruptivo, capaz de minimizar as desigualdades e melhorar o planeta.
Vale ressaltar que o capitalismo consciente implica na existência de empresas conscientes, que não focam exclusivamente no lucro, sem que este logicamente seja deixado de lado. O capitalismo consciente não abre mão de alguns preceitos, como propósito maior, cultura consciente, liderança consciente e orientação para os stakeholders.
O alinhamento entre ESG e o capitalismo consciente poderá mudar a mentalidade dos
negócios e trazer muitos benefícios, tais como:
Aumento do valor de mercado;
Diferencial competitivo;
Maior engajamento dos stakeholders;
Melhora da reputação da marca;
Atração de novos investimentos;
Longevidade do negócio.
Desenvolvimento social e ambiental
As organizações mais maduras já estão apresentando muitas ações sobre como efetivamente o ESG pode ser impactante. Vejam alguns exemplos reais e marcantes:
Garantir a igualdade de gênero em cargos de conselho e liderança;
Construir programas de incentivo para o ingresso de pessoas da comunidade LGBTQIAP+ na companhia;
Organizar treinamentos sobre acessibilidade, diversidade e inclusão para toda a equipe;
Neutralizar a emissão de gás carbônico;
Eliminar uso de plásticos descartáveis;
Divulgar relatórios de sustentabilidade;
Implementar programas de compliance;
Facilitar um workshop de ESG na organização.
Temos de reconhecer que, no Brasil, este alinhamento entre ESG e capitalismo consciente ainda tem enfrentado muitos desafios. E talvez o principal desafio ainda seja o conhecimento, ou seja, a falta de inflamação. Este é um ponto essencial a ser rapidamente suprido por todas as empresas e stakeholders que intencionem crescer de forma mais consolidada e menos efêmera.
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